quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Cama Compartilhada


Cama compartilhada é um tema complexo, cheios de prós e contras.
Eu pratico uma cama compartilhada flexível, hora o Pedro dorme no berço dele, hora dorme na cama comigo e com meu marido, tudo depende do estado emocional do nosso pequeno.

Segue um texto muito bom sobre o assunto:

Dormindo com bebês

Em visita ao zoológico de San Diego (aliás, altamente recomendável para quem visitar a região) tive a oportunidade de observar pequenos filhotinhos de primatas dormindo com seus pais. Os filhotes pareciam superconfortáveis, seguros, num sono descompromissado e restaurador.

Depois, em conversa com um amigo primatólogo, descobri que a maioria dos primatas não-humanos tem o hábito de dormir com seus bebês. Não acredito que isso tenha sido extensivamente estudado, talvez pelas dificuldades do trabalho de campo ou mesmo pelo respeito ao animal em cativeiro. Enfim, acho que isso é apenas uma observação de grupos que trabalham com primatas que sugere um comportamento comum. Mas e os humanos? Eles dormem com seus bebês?

Note-se que não tenho filhos, então me senti completamente confortável de pesquisar sobre o assunto, sem nenhum pré-conceito ou qualquer introdução prévia. O começo da minha pesquisa parecia fácil, bastaria perguntar para casais que tiveram filhos se eles dormiam ou não com os filhos. Para meu espanto, descobri que isso era um tabu. As pessoas não se sentiam confortáveis em falar sobre o assunto. É realmente interessante, pois nunca tinha prestado a atenção nisso e, na verdade, não vemos muito esse comportamento humano retratado em filmes, seriados ou qualquer outra forma de mídia na cultura ocidental. Muito curioso, pois isso deveria ser um comportamento “normal” dos humanos.

Pois bem, aos poucos, consegui alguns comentários curiosos de casais que estavam para ter filhos ou que os tinham tido há pouco. Na verdade, os comentários estavam vindo dos médicos pediatras: “Nunca durma na mesma cama com seu bebê”. Mais do que um comentário ou sugestão, a frase está mais para uma ordem a ser seguida. A razão aparente, é que um adulto dormindo poderia sufocar o recém nascido durante um descuido. E o que esperar de pais de primeira viagem depois dessa explicação aparentemente lógica? Que vão seguir as ordens do pediatra sem questionar, afinal ninguém quer ser responsável pela morte do próprio filho, ainda mais nessas condições.

No entanto, a explicação dos pediatras ocidentais me pareceu um pouco forçada. Perguntei-me quantos bebês já haviam morrido dessa forma. Para meu espanto, a resposta que obtive não foi clara, mas sim tendenciosa. Isso porque a maioria dos trabalhos relatando esse tipo de morte não é causal. Mesmo em casos nos quais o bebê morria sozinho na cama dos pais, o evento era classificado como morte causada porque os pais dormiam junto com os bebês. Nos poucos casos em que a causa foi devidamente investigada, descobriu-se que não tinha qualquer relação com dormir ou não junto aos pais. Em geral, uma infecção ou má-formação de algum órgão interno era a causa da morte.

Descobri então que a recomendação de nunca dormir com bebês era apenas uma hipótese sem qualquer base cientifica. Na verdade, a recomendação médica ocidental atual está contrariando o que se observa com outros primatas. Por que isso? A primeira vez que esse tipo de recomendação apareceu em um livro foi em 1901, num guia leigo para pais escrito por um homem solteiro com nome de mulher (The Baby, Marianna Wheeler, Harper Bros, London). Recomendações do tipo “Nunca manipule muito os bebês, eles devem passar a maior parte do tempo dormindo sozinhos” estão lá. A partir daí, outros guias leigos começaram a ensinar os pais a “resolver” os problemas de sono dos bebês deixando-os sozinhos, chorando até cansar. Hoje em dia isso soa estranho, pelo menos para mim…

Esses livros foram baseados na ideologia econômica e religiosa vigente da época. Além disso, existia um medo que os bebês pudessem presenciar atividades sexuais dos pais e ficassem traumatizados pelo resto da vida. Soma-se a isso o surgimento de conceitos como o de “amor romântico”, onde a relação conjugal ideal entre marido-esposa exclui a presença dos filhos, do individualismo e da autonomia infantil como forma de independência e do surgimento de “especialistas em bebês” que escreviam diversos livros para leigos, perpetuando essas idéias.

Esses conceitos foram definindo onde os bebês deveriam dormir: sozinhos, se possível num quarto separado. Foram levados em conta fatores históricos, morais, culturais para definir o que era “normal e saudável”, mas não fatores biológicos. Vemos aí a imposição da hierarquia de valores nos pais: na esfera social o “bom” bebê versus o “mau” bebê e na esfera “cientifica” o bebê mais desenvolvido e superior versus o bebê mimado e inferior. Afinal, se dormir sozinho é bom para o bebê, então bons bebês dormem sozinho, certo?

O problema é que esses conceitos entraram como pseudociência em consultórios e livros médicos. Ora, a idéia era tornar os bebês independentes o mais rápido possível. Assim eles estariam “prontos para o duro mundo dos adultos”. Acho que o que fica dessa história toda é a questão da independência do bebê. Mas o que significa deixar um bebê independente? O pior é que bebês não foram programados para ser independentes, pelo contrário. Um dos custos da expansão cerebral dos humanos é que o cérebro humano não está formado ao nascer. O bebê humano nasce dependente do contato. Sem contato com outros indivíduos, morre.

Poderíamos fazer o caminho inverso e perguntar qual a real necessidade fisiológica do bebê. Para isso, teríamos de deixar de lado o que esperamos socialmente dos bebês e começar a olhar qual é a real biologia da relação entre recém-nascidos e pais. Por quê os bebês precisariam dormir junto com alguém? Brevemente, posso pensar em algumas razões do tipo: proteção, monitoramento, fácil acesso à alimentação, redução do número de episódios de choro, os pais conseguem dormir mais e melhor (verificado experimentalmente), mais tempo com os filhos, conhecendo-os melhor e curtindo-os.

Achei alguns trabalhos científicos onde os autores acompanharam por vinte anos as características de bebês que haviam se tornado “independentes” no conceito ocidental (não chora e dorme muito), com outros que viviam em comunidades alternativas e que tiveram um contato maior com os pais, inclusive dormindo juntos. Não se encontrou evidência social, cognitiva, emocional ou fisiológica que demonstrasse alguma vantagem em bebês que dormem sós. Por outro lado, os bebês que dividiram a cama com os pais tinham menor representação em grupos com doenças psiquiátricas, demonstravam um melhor conforto com a identidade sexual, eram adultos mais independentes, com melhor controle emocional e de estresse (Heron, 1994).

Nos meus estudos, acabei concluindo que dormir juntos com bebês não é anormal. Ao contrário, deveria ser mais estimulado, pois não é perigoso ou inapropriado, além de ter uma conseqüência positiva no individuo adulto. A forma como é praticado pode ser perigoso, é verdade, mas isso não é inerente ao ser humano.

PS: Como descrevi no texto, as observações aqui relatadas são baseadas em pesquisa pessoal e em alguns trabalhos científicos. As conclusões podem estar completamente erradas.

Fonte: Espiral - Alysson Muotri

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Volta ao Trabalho




Depois de 7 meses e 11 dias de total dedicação ao Pedro, voltei ao meu trabalho.
Foi terrivelmente dolorido, algo complicado de colocar em palavras, uma mistura de querer e não querer, muitos medos misturados com culpa e ansiedade.
Ainda não estou completamente decida sobre o que é melhor para nós aqui em casa. Hora tenho total certeza que devo continuar na escola, em outros momentos desabo de cansasso e só consigo chorar e pensar em ser mãe em tempo integral.
As vezes me pergunto, como as outras mães conseguem cuidar do filho, trabalhar, alimentar, dar atenção ao marido e ainda conseguir tempo para dedicar a si mesma? Isso sem contar as que tem cachorro, assim como eu.
Eu ainda não estou dando conta de nada. Me sinto completamente perdida, como um cachorro cego que caiu da mudança.
Enquanto não sei o que fazer, procuro pensar como minha professora da Pedagogia Profunda me dizia, "Renata, entrega para vida, ela é sábia ".
Aqui estou eu, completamente atrapalhada, esperando a poeira baixar pra ver o que a vida quer me ensinar.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

POR QUE GRITAMOS?

“Um dia, um pensador indiano fez a seguinte pergunta a seus discípulos “Por que
as pessoas gritam quando estão aborrecidas?”

“Gritamos porque perdemos a calma”, disse um deles.

“Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado?” Questionou
novamente o pensador.

“Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça”, retrucou outro
discípulo.

E o mestre volta a perguntar: “Então não é possível falar-lhe em voz baixa?”

Várias outras respostas surgiram, mas nenhuma convenceu o pensador.

Então ele esclareceu: “Vocês sabem porque se grita com uma pessoa quando se esta
aborrecida?”

O fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, seus corações se afastam
muito. Para cobrir esta distância precisam gritar para poderem escutar-se
mutuamente. Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para
ouvi um ao outro, através da grande distância.

Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas? Elas não
gritam. Falam suavemente. E por quê? Porque seus corações estão muito perto. A
distância entre elas é pequena. Às vezes estão tão próximos seus corações, que
nem falam, somente sussurram. ‘E quando o amor é mais intenso, não necessitam
sequer sussurrar, apenas se olham, e basta. Seus corações se entendem. É isso
que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas.”

Por fim, o pensador conclui, dizendo: “Quando vocês discutirem, não deixem que
seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois
chegará um dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho
de volta”.

” Mahatma Gandhi “